Dizem que o ano só começa no Brasil depois do carnaval. Mentira, meu povo. O ano começa de verdade quando começa o Big Brother Brasil. E, perdoem-me os intelectualóides, mas eu adoro o programa e o verdadeiro zoológico humano que ele representa. Assim, acho que não existe personagem melhor para inaugurar a minha nova coluna aqui no Diva Diz do que ela, Ariadna Thalia, a transexual que movimentou a primeira semana do BBB11.
Quando foram anunciados os participantes da 11ª edição do BBB, um nome foi o que mais chamou a atenção: o da moça que já havia sido homem, a primeira transexual a entrar na casa mais vigiada do país. Já dentro da casa, Ariadna causou ainda mais polêmica ao esconder dos demais participantes sua condição. Entretanto, pergunto eu: você, no lugar de Ariadna, contaria? Duvido muito.
Para quem não sabe, gay sofre preconceito até mesmo de gay. E, querendo ou não, existem ‘castas’ e subgrupos dentro do próprio ‘meio’ gay. E travestis (o que Ariadna foi por muito tempo) são os mais rechaçados até entre os próprios gays. Não falo isso com orgulho ou vergonha, apenas para pontuar uma situação real. O mundo não é justo e imagino o quanto Ariadna já deva ter sofrido nessa vida.
Além do mais, transexuais são, normalmente, mulheres (ou homens) que nasceram no corpo de outro sexo. Seu cérebro e seu comportamento não combinam com seu corpo. Para alguém enfim decidir fazer uma operação de mudança de sexo, imagine quanto foi pensado e sofrido até essa conclusão. Nada mais natural que Ariadna se veja e se sinta uma mulher. Chegar no BBB e gritar aos quatro ventos que já foi homem um dia só poderia afastar algumas pessoas de perto de si, criando uma barreira para alguém que provavelmente só quer ser ‘normal’.
O que me espanta é todo o preconceito que Ariadna vem sofrendo não só dentro da casa, mas, principalmente, fora dela. Nessas horas é que o público mostra sua verdadeira face e todo o preconceito à nossa volta brota das formas mais agressivas. Feia, baranga, prostituta. Todos esses são adjetivos que Ariadna já recebeu. E, se ela já foi garota de programa (e confessou isso, num momento de coragem desconcertante dentro do programa), qual o problema? Alguém já esteve em sua pele para julgá-la? Mas o problema é exatamente esse: entrar num programa como o Big Brother e achar que não será julgado.
Ariadna, que nasceu Thiago, não demorou muito dentro do Big Brother Brasil, já que foi a primeira eliminada dessa edição. Uma pena que o público não tenha entendido o jogo da moça e deixado duas samambaias dentro da casa. Torço para que Ariadna se encontre depois de sua passagem pela casa e consiga se firmar aqui fora. Os 5 minutos de fama duram ainda menos para os primeiros eliminados do BBB, mas seria legal vê-la estampando campanhas e ensaios no mundo ‘real’. Afinal, o mesmo público que a rejeitou é curioso e nada mais que merecido que a já famosa transexual lucre em cima disso. Se o público quer pão e circo, que Ariadna receba devidamente por se expôr como fez.
Ninguém entra no BBB impunemente. Eu, particularmente, invejo a coragem desses anônimos, que passam a ter sua vida pregressa analisada e julgada, com erros apontados e matérias e mais matérias produzidas. Mas a exposição não é contra a vontade e muitos encaram o programa como um sonho a ser perseguido.
Um beijo,
